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e-Zine da Gestão


A e-Zine sobre Gestao Empresarial

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31 de Janeiro de 2001
Lauro Jorge do Prado

 

Conhecer bem os valores dos recursos aplicados na empresa, ter capacidade de elaborar projeções, saber qual é o verdadeiro valor do lucro, qual é o valor exato da geração operacional de caixa, saber quais são os recursos que estão envolvidos na atividade empresarial, saber tomar uma decisão se descontinua certo produto ou lança um novo, é uma atividade de domínio de poucos profissionais.
Não importa se sua empresa é de tijolo ou de bits, você deve estar preparado para tomada de decisões rápidas, tais como: mudança de produto ou serviço; fusão; aquisição; investir em expansão do negócio; diminuir ou aumentar o rítmo do seu negócio; buscar parcerias; tercerizar; fazer uma revisão de processo; etc. Para tanto você tem que ter números à sua disposição. Então como dimensionar isto?
Para sua empresa sobreviver no mercado não basta ter um produto revolucionário, ter alguém patrocinando com capital, sua empresa estar supervalorizada na bolsa. O que realmente conta é você constatar que operacionalmente sua empresa gera valor suficiente para remunerar o capital investido. Veja bem, isto é mais que gerar lucros.
Uma das melhores maneiras de ter todos os números na mão é além de ter uma boa administração empresarial você adotar um bom sistema de gestão de custos adaptado ao seu tipo de negócio

Apresento abaixo um pouco do conhecimento sobre custos e como este conhecimento pode se configurar em um modelo de negócio.

UM POUCO DE HISTÓRIA!

Poderíamos dizer a origem dos sistemas de custeios pode ter se iniciado na necessidade do homem em contar e identificar as suas necessidades de sobrevivência.
Supõe-se que sua origem remonta a Florença, cidade que desde o século XII se distinguiu pela fabricação de tecidos. A ilustre família dos Médicis, por exemplo, que originalmente se dedicaram aos bancos, excurcionaram logo na indústria têxtil, comprando lã em bruto e vendendo tecidos acabados, que eram produzidos por confeccionadores individuais em seus próprios domicílios.
Como cada fase desta produção era realizada por diferente família, os Médicis usaram o método de registros de custos separados por processo individual.

SISTEMAS DE CUSTOS AO LONGO DO TEMPO

Século XVIII - Renascença: Pouco desenvolvido, devido ao maior ênfase dado ao comércio do que a produção. Exceções são identificadas a partir de 1577, onde empresas mineradoras da Áustria, mostravam em seus registros contábeis a acumulação de custos de materiais, mão de obra e certos gastos que eram lançados em uma conta chamada "Fundição" e logo em seguida se creditavam a produtos acabados.
Século XIX - Somente neste século a contabilidade de custo evoluiu, devido a necessidade de incorporar em cifras aos custos totais os gastos de fabricação. O fato curioso que dificultava a contabilidade de custos era a divulgação de conhecimento de processo de fabricação, muitas vezes considerado como segredo industrial, e era reduzido o número de contadores que tinham visão geral sobre o tema.
1900-1925 - Com o advento da revolução industrial, mais e mais justificava a criação de técnicas de apuração de custos, surgem então a técnica de "Custos Diretos", pois a industria já começava a dominar a técnica de produção em série.
1919 - Fundado nos Estados Unidos a "National Association of Cost Accountant", cujos boletins informativos começaram a moldar os profissionais e professores a partir de então.
1925-1950 - Controle Estatísticos - Custos Standard criado pelos alemães.
1950-1980 - As empresas começaram a se interessar pelos problemas dos custos, ao compreender o significativo papel que estes desempenhavam na mensuração da eficiência fabril. Começam a surgir varias técnicas de apuração de custos.
1980-2000 - Era da informação. Com o desenvolvimento da micro informática e a Internet as empresas começaram a ter poder de processamentos para obter mais rapidamente respostas para suas análises de custos.
2000 - ... - Aprimoramento dos sistemas ERP, desenvolvimento da idéia de negócios na internet através de B2B, B2C e outras siglas mais.

TIPOS DE SISTEMAS DE CUSTOS

SISTEMA DE CUSTO HISTÓRICO
O Sistema de custeamento baseado em custos históricos ou atuais pode ser definido como um sistema no qual os custos são registrados e sumariados tais como ocorrem. Em conseqüência, nesse sistema os custos somente são determinados após o término das operações de manufatura ou da execução dos serviços prestados pela empresa.
SISTEMA DE CUSTO PREDETERMINADO
Como o próprio nome sugere, os custos predeterminados são os custos estabelecidos com antecedência sobre as operações de produção. Em um sistema baseado em custos predeterminados, material, mão de obra e gastos gerais de fabricação são contabilizados nas bases de preço, uso, e volume previstos. Os custos predeterminados são usados quando a gerência está interessada, primeiramente, em conhecer quais deveriam ser os custos, para depois compará-los com os custos reais.
SISTEMA DE CUSTOS POR ORDEM DE PRODUÇÃO
O sistema de custo por ordem de produção é o sistema de custeamento no qual cada elemento do custo é acumulado separadamente, segundo ordens específicas de produção, emitidas pela Seção de Fabricação. As ordens de produção são emitidas para início da execução do serviço e nenhum trabalho poderá ser iniciado sem que ele seja devidamente autorizado pela correspondente emissão de uma ordem de produção.
SISTEMA DE CUSTOS POR PROCESSO
O sistema de custo por processo é usado invariavelmente na contabilidade dos custos de uma produção em massa. Usualmente, em tais operações, todos os produtos são fabricados para estoque; uma unidade de produção é idêntica à outra; os produtos são movimentados no processo de produção continuadamente e todos os procedimentos da fábrica são padronizados. Nessas condições a identificação de qualquer custo específico não é relevante.
O custo por processo é caracterizado pela acumulação dos custos de produção, em cada uma das etapas do processo contínuo de fabricação de produtos homogêneos. Os custos médios, acumulados durante uma etapa, são transferidos para etapas seguintes. As alocações são necessárias somente quando um material ou produto é dividido em dois ou mais subprodutos.
SISTEMA DE CUSTO PADRÃO
O termo custo-padrão possui diversos significados e implicações. Algumas peculiaridades desse termo são expostas a seguir:
Todos os custos-padrão são custos predeterminados. Todavia nem todos os custos preparados antes das operações são incluídas na categoria de custo padrão. Os custos-padrão são estabelecidos por um processo científico, utilizando-se a experiência passada e presente. Daí o processo de determinação dos custos-padrão geralmente, incluírem:
a) Uma seleção cuidadosa do material
b) Estudos de tempo e motivação das operações
c) Um estudo de engenharia do equipamento e das operações de manufatura.
SISTEMA DE CUSTO DIRETO
O conceito de custeio direto envolve a classificação dos custos de manufatura em fixos e variáveis, com a subsequente apropriação dos custos variáveis aos custos do produto, sendo os custos fixos diretamente lançados a lucros e perdas no período em que ocorreram. Definindo-se de uma outra forma, é o conceito da contabilização dos custos de manufatura, segundo o qual somente os custos que foram conseqüência da produção devem ser computados nos custos unitários.
SISTEMA DE CUSTO POR ABSORÇÃO
É a técnica de custo que procura calcular o custo dos produtos vendidos(Contábil), esta técnica apropria aos produtos custos:
a) Diretos
b) indiretos
Os custos diretos são alocados diretamente aos produtos, com base em planilhas com registro do consumo de cada produto . Custos diretos são aqueles diretamente relacionados com a execução do serviço ou elaboração da produção.
Os CIF(principal e auxiliar) são apropriados aos produtos com base em critérios de rateio. Para alocar os custos indiretos inicia-se com a alocação dos centros de custos auxiliares e depois com os principais.
No custeio por absorção as despesas administrativas e comerciais não são apropriados aos produtos.
SISTEMA DE CUSTOS UEP - UNIDADES DE ESFORÇOS DE PRODUÇÃO
Técnica de custo que é semelhante ao custeio por absorção no que se refere aos elementos de custeios considerados.
· É adequada à finalidade contábil de apuração de custos de estoque e vendas, pois mantém segregados do custo do produto as despesas de administração e vendas.
· Assim como no custo por absorção, o UEP apropria nos produtos todos os custos: diretos e indiretos
· O UEP não se aplica ao custo de instituições Financeiras e Empresas Comerciais.
SISTEMA DE CUSTO ABC - ATIVIDADE
O pressuposto básico é que os recursos das empresas são consumidos pelas atividades desenvolvidas; os produtos, por sua vez, consomem atividades
Recursos: São fatores de produção consumidos na empresa, como: pessoal, materiais, computadores, telefone e etc. Corresponde às categorias de despesas ou contas(na visão contábil)
Fatores de Consumo de Recursos: São os parâmetros usados para custear as Atividades, como: horas de trabalho, tempo de uso de telefone e etc.
Atividades: São conjunto de tarefas relacionadas, podendo ser executadas em mais de uma área funcional. As atividades consomem recursos na empresa.
SISTEMA TARGET COSTING (CUSTO-ALVO)
Target Costing (custo-alvo a atingir ou custo projetado) é uma ferramenta da gestão de custo para redução do custo durante todo o ciclo de vida de um produto, que também pode ser usada para reduzir investimentos com desenho, produção e distribuição do produto.
O custo-alvo é o custo máximo de manufatura de um determinado produto - um custo que permitirá o retorno esperado dentro de um certo nicho do mercado e, também, que o produto ganhe uma certa porção do mercado. O custo-alvo pode ser computado, tomando-se o preço de mercado esperado dentro do nicho apropriado e subtraindo desse preço a esperada margem nas vendas..
O Custo-alvo não é ferramenta para o controle do dia-a-dia. Em vez disso, é uma ferramenta de planejamento de custos que focaliza o controle das especificações do desenho e as técnicas de produção, contribuindo, assim, para a meta de entregar um produto competitivo ao mercado.

O QUE É GESTÃO DE CUSTOS?

É um conjunto de técnicas e métodos de planejamento, avaliação e aperfeiçoamento dos produtos de uma empresa. Sua finalidade principal é fornecer as informações de que as empresas necessitam para proporcionar valor, qualidade e oportunidade que os clientes desejam.

ALGUMAS TÉCNICAS E MÉTODOS BÁSICOS

· Custos baseado na atividade e gestão baseada na atividade
· Medidas de Desempenho
· Custos de qualidade e gestão da qualidade total(Total Quality Management - TQM)
· Aperfeiçoamento contínuo
· Custo-alvo(target costing)
· Justificativas do investimento e utilização do ativo

Um dos sistemas de custos mais discutidos e implantado nos últimos anos é o Custeio por Atividade. As origens do custo baseado na atividade estão no reconhecimento de que os sistemas tradicionais de custos freqüentemente distorcem o custo final do produto. O custo do produto foi foco inicial do custo baseado na atividade e continua sendo de importância vital para toda a empresa.
A frustração com o sistema de custos tradicionais advém principalmente do fato de que a variação entre os custos reais e os custos standard ou padronizados representam informações obsoletas ou por demais agrupadas para serem de qualquer utilidade. Por outro lado, as atividades podem ser monitoradas direta e continuadamente. A gestão de custos dá mais ênfase à gestão por atividades do que à gestão de custos, pela simples razão de que as atividades - ao contrário dos custos - podem ser gerenciadas. No máximo, os custos são medidas indiretas de eficiência ou eficácia - em outras palavras, o custo é um fato histórico que não pode ser alterado. Algo pode ser feito aqui agora, não obstante, para mudar a maneira como uma atividade é executada, porque uma atividade é simplesmente trabalho ou um conjunto de tarefas que pessoas ou máquinas executam.

SISTEMAS DE CUSTOS DA PRODUÇÃO - A GESTÃO DE CUSTOS FABRIL PARA A COMPETITIVIDADE

Os sistemas de custos da produção devem permitir a criação de diferentes visões de custos a partir das necessidades dos usuários. As quatro visões básicas são: a competitiva, a estratégica, a operacional e a financeira, refletindo os horizontes de futuro-presente-passado. A montagem destes sistemas depende do estabelecimento dos critérios de valorização e dos métodos de custeio.
Neste ambiente, o planejamento operacional de custos depende da elaboração de um modelo depende da elaboração de um modelo de custos baseado no Activity Based Management(ABM), pela habilidade deste tratar as máquinas e os fluxos de produção dentro de uma visão integrada com os métodos de gestão da produção, sejam eles baseados na teoria das restrições, células de produção, MRP, etc.. O primeiro passo é a montagem de um sistema que esteja configurado para a mesma linguagem financeira e a produtiva.
Finalmente, a decomposição da máquina em diferentes atividades e estados permite o gerenciamento individualizado dos custos associados a estas atividades.

ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS BUSCANDO O REPOSICIONAMENTO ATRAVÉS DA COMPETITIVIDADE

Os desafios empresariais dos anos 90 e início da primeira decada deste século estão centrados na melhoria da satisfação dos clientes em níveis locais e na maximização operacional global. Para atingir estes desafios as organizações estão executando processos de Reposicionamento Estratégico visando aumentar a sua competitividade.
A competitividade está marcada hoje pela habilidade de se atingir de forma eficaz a relação custo-qualidade-tempo junto ao cliente, não somente dentro de uma empresa, mas dentro da rede formada pelos seus fornecedores, canais de distribuição e clientes. No entanto, o novo ambiente vem requerendo das áreas de suporte à informação uma mudança conceitual, abandonando a administração de custos e implementação a Administração Estratégica de Custos.
A Administração Estratégica de Custos, cujo papel é o de suportar a tomada de decisões num ambiente de concorrência acirrada e mudanças freqüentes nos desejos dos clientes, se utiliza da metodologia ABC - Activity Based Costing como ferramenta para a geração de informações. Ela é um processo de raciocínio empresarial que busca estabelecer as estratégias competitivas de acordo com a competitividade dos mercados, clientes, produtos, serviços, da cadeia de valores da indústria e da logística de suprimentos.

GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS

A análise de custo é vista tradicionalmente como o processo de avaliação do impacto financeiro das decisões gerências alternativas. Em que se difere a gestão estratégica de custos? É uma análise de custos vista sob um contexto mais amplo, em que os elementos estratégicos tornam-se mais conscientes, explícitos e formais.

O surgimento da gestão estratégica de custos resulta da mistura de três temas subjacentes, cada um retirado da literatura sobre gestão estratégica:
1. Análise da cadeia de valor;
2. Análise de posicionamento estratégico;
3. Análise de direcionadores de custos.

CADEIA DE VALOR

A cadeia de valor de qualquer empresa em qualquer setor é o conjunto de atividades criadoras de valor desde as fontes de matérias-primas e serviços básicos, passando por fornecedores de componentes e serviços e até o produto ou serviço final entregue nas mãos do consumidor.

POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO

É a forma que a empresa apresenta para poder competir ou tendo menores custos(liderança de custos) ou oferecendo produtos superiores(diferenciação do produto).

DIRECIONADORES DE CUSTOS

No gerenciamento estratégico de custos sabe-se que o custo é causado, ou direcionado, por muitos fatores que se inter-relacionam de formas complexas. Compreender o comportamento dos custos significa compreender a complexa interação do conjunto de direcionadores de custos em ação em uma determinada situação.
Na contabilidade gerencial tradicional de hoje, de um único direcionador de custos: volume de produção. Os conceitos de custos relacionados com o volume de produção permeiam o pensamento e os trabalhos sobre custos: custos fixos versus custos variáveis,custos médios versus custos marginais, análise de custo-volume-lucro, análise do ponto de equilíbrio , orçamentos flexíveis e margem de contribuição, para citar apenas alguns.
Direcionadores de custos estruturais: Escala, Escopo, Experiência, Tecnologia e Complexidade

Resumo

A todo momento surgem idéias novas sobre gestão, novos métodos e idéias de negócios. Contudo devemos observar que só permanecem na liderança empresas que dominam os seus números.

Este artigo vem de encontro a necessidade que temos hoje de reinventar a estratégia de custos para estarmos prontos para competir e vencer no desenho atual da economia mundial.
A proposta deste artigo é somente apresentar uma visão do que é, quais os tipos de custeios e algumas particularidades da "Gestão de Custos", os quais servirão de base simples para que cada um busque o conhecimento necessário e adequado.

Cada empresa deve identificar o modelo de custo ideal para seu negócio atual, deve contar com profissionais com habilidades e conhecimentos de custos, bem como devem levar este conhecimento para toda sua cadeia de negócio.

BIBLIOGRAFIA

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Roberto Lacerda, Steve Player e David Keys - Activity Based Management - Makron Books, 1997
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Michael R. Ostrenga - Guia Ernst & Young para Gestão Total dos Custos - Record, 1993
Steven Silbiger - MBA em 10 Lições - Campus, 1996
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Robert S. kaplan - Year 2000 Managemente Reporting & Control Systems - KPMG, 1995
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James A. Brimson - Contabilidade por Atividades - Uma Abordagem de Custeio Baseado em Atividades - Atlas, 1996
João Passarelli - Custos Instrumento de Controle e Análise - TPD/IOB, 1984
Sergio Carvalho - ABC Custeio Baseado em Atividades - Top Eventos, 1997
Joel José dos Santos - Análise de Custos - Um enfoque Gerencial - Altas, 1987

By Lauro

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